Mulheres enxadristas DV

O projeto

Introdução

Projeto de Torneio Feminino para Pessoas com Deficiência Visual. Resumo: Este projeto tem como objetivo organizar as condições, cronograma e principais características de um torneio feminino de xadrez a ser realizado na cidade de São Paulo entre os dias 18 a 20 de outubro de 2024, para pessoas com deficiência visual (cegas ou com baixa visão). Este torneio pretende incentivar a prática do esporte entre estas mulheres, de todas as regiões do Brasil, todas as idades e nível de habilidade enxadrística. Além disso, busca promover visibilidade ao xadrez feminino e para pessoas com deficiência visual, contribuir com o empoderamento feminino, autoestima, inclusão, aumentar a interação entre as mulheres no xadrez, e contribuir para o desenvolvimento de um espaço onde elas estejam confortáveis para jogar e melhorar em suas habilidades enxadrísticas. Introdução. No ano de 2021, mulheres pertencentes à Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV), e que faziam parte de um projeto voluntário que tinha o objetivo de ensinar e incentivar a vinda de novos jogadores de xadrez com deficiência visual, criaram um grupo de WhatsApp voltado à comunicação e integração de mulheres dentro do esporte. Com o passar do tempo e com o aumento das integrantes do grupo, foram realizados vários eventos online que cumprisse os objetivos já mencionados: Dentre os quais podem ser destacados torneios online de mulheres e grupos de estudos de xadrez. Atualmente, tal grupo conta com aproximadamente 57 mulheres, de vários estados brasileiros, diferentes faixas etárias e variados níveis de habilidade no xadrez. Pensando em aumentar ainda mais o alcance feminino e a visibilidade, com foco na autoestima, empoderamento, inclusão, comunicação e participação das mulheres enxadristas com deficiência visual, este projeto está sendo construído com a finalidade de realizar o 1º torneio presencial feminino para mulheres cegas e com baixa visão no Brasil. Sabe-se que o xadrez é um jogo que fornece diversos benefícios a quem o pratica, dentre os quais podem ser citados o estímulo do raciocínio lógico, da concentração e do planejamento estratégico e contribui para o aprimoramento das habilidades intelectuais e da tomada de decisão. Além disso, trata-se de uma atividade que favorece muito a socialização entre pessoas. O xadrez também traz grande relevância em um contexto educacional, favorecendo a memória e a aprendizagem espacial. Durante uma partida, ocorre também a valorização da imaginação e da criatividade, vencendo aquele que teve o melhor plano. Pode-se dizer que o xadrez não é tão somente um jogo, mas uma manifestação cultural que une pessoas, ensina habilidades valiosas e enriquece o patrimônio humano com sua história rica e impacto em várias formas de expressão artística. É uma fonte inestimável de cultura que atravessa gerações e fronteiras, enriquecendo nossa compreensão do mundo e do pensamento estratégico. Botvinnik, ex-campeão mundial de xadrez uma vez definiu o xadrez como “a arte que ilustra a beleza da lógica”. Devido os motivos já citados e muitos outros, o jogo de xadrez tem sido desenvolvido e sobrevivido por séculos e possui representantes em todo o mundo. Pessoas o definem como ciência, arte e esporte. No âmbito Internacional, é representado pela Federação Internacional de Xadrez (FIDE – sigla em francês) e conta com 184 países filiados. Em relação a pessoas com deficiência visual, o xadrez ganha um novo significado. Além de todos os benefícios já mencionados, o xadrez também pode auxiliar no processo de reabilitação de pessoas, no sentido em que as insere em um contexto de inclusão e socialização e funciona como uma espécie de terapia que as ajuda a quebrar as “barreiras atitudinais” de seu meio. Em outras palavras, por meio do xadrez, algumas barreiras criadas por meio de comportamentos e atitudes que limitam a participação de pessoas com deficiência na sociedade podem vir a ser quebradas. Pode ajuda-las a acreditar novamente em sua capacidade. Para pessoas com deficiência visual, tal esporte é praticado com o uso de tabuleiros adaptados, fabricados com separações táteis de modo que as casas possam ser identificadas com as mãos, e as peças devidamente individualizadas. Por meio deste tabuleiro de xadrez, o jogo torna-se acessível e extremamente inclusivo, de modo que pessoas cegas possam participar de uma partida em certa igualdade de condição intelectual com pessoas sem deficiência. Contudo, são 2 os principais motivos para que sejam realizados alguns torneios para pessoas com deficiência visual em separado: O tempo de visualização durante a partida pode vir a ser maior devido ao uso do tato e a dificuldade de encontrar material de estudo de xadrez devidamente adaptado e preparar o tabuleiro para a sua realização é imensa. A nível nacional, os torneios de xadrez para pessoas com deficiência visual tem sido organizados pela Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais (FBXDV), a qual, no momento, não tem nenhuma ligação direta com o órgão máximo de xadrez no país, qual seja, a Confederação Brasileira de Xadrez (CBX). Além disso, ao longo de todos os seus anos de funcionamento, a participação feminina em tais torneios tem sido sempre minoritária, e os resultados alcançados por mulheres quase sempre em colocações inferiores. Em que pese atualmente seja feita uma separação da categoria feminina para fins de premiação, as etapas da FBXDV promovem partidas sem esta separação, isto é, na categoria absoluta. Um levantamento de dados realizados em torneios FBXDV desde os anos 2000 constatou que o maior número de mulheres presentes em único evento da FBXDV foi de 18, em um torneio realizado no início de 2022, na cidade de Curitiba/PR, no qual foram registrados 58 jogadores. A 2ª maior participação feminina em tais eventos ocorreu no mesmo ano, na etapa sudeste, realizada em São Paulo/SP, com 16 mulheres, em um torneio que registrou a presença de 59 jogadores. Em anos anteriores, foi possível observar, com algumas exceções, que a participação feminina parecia estável entre 3 a 5 mulheres, com uma clara ausência delas nas fases finais. Somente nas etapas de 2006 em São Paulo (12 mulheres), 2006 etapa 2 (13 mulheres), 2009 em Brasília (12 mulheres), 2010 nas etapas 1 e 2 (11 e 13 mulheres), 2019 em Itajaí/SC (11 mulheres) foram observadas a presença de mais de 10 mulheres nos torneios presenciais. Ressalta-se ainda que nos anos de 2009 e 2010, segundo informações fornecidas por participantes de torneios na época, era possível a obtenção de bolsas atletas para enxadristas participantes de tais torneios. Nas outras etapas de 2022, em João Pessoa/PE estiveram presentes 13 mulheres e 8 na etapa realizada em Brasília. Já em 2023, foram registradas, nas 4 etapas respectivamente, a presença de 14, 5, 10 e 13 mulheres enxadristas. Com relação a resultados, convém mencionar que apenas 6 vezes uma mulher classificou-se acima do top 10, em torneios com o registro de mais de 20 jogadores inscritos, sendo a maior colocação na etapa de 2019 realizada em Cuiabá, no 5º lugar. Longe de demonstrar que o xadrez não é um esporte indicado para mulheres, como algumas pessoas poderiam pensar, estes dados apenas reforçam que não houve continuidade na participação feminina ao longo dos torneios para pessoas com deficiência visual. Em um esporte ainda majoritariamente masculino, com resultados masculinos, várias mulheres sentem-se desmotivadas, desencorajadas e desconfortáveis em estar presentes nos torneios presenciais. Como em qualquer outro esporte, a continuidade de pessoas em competições e um treinamento contínuo é essencial para um desenvolvimento efetivo. No xadrez, a evolução tende a ser lenta, e considerando que muitos homens jogam xadrez há muito mais tempo, este fator acaba sendo preponderante para que sejam vistos resultados. Além disso, destaca-se que vários meninos começam seu treinamento de xadrez ainda na infância e adolescência, mas torneios absolutos acabam desestimulando a participação de meninas muito novas. Em um questionário realizado ao longo de 10 dias para um grupo de Mulheres Enxadristas com Deficiência Visual, do qual participaram 37 mulheres, 36 delas afirmaram querer participar de um torneio presencial só para mulheres, tendo a 37ª relatado que tem dúvidas quanto a possibilidade de que este venha mesmo a acontecer. As participantes da referida pesquisa são mulheres de quase todas as regiões do Brasil, sendo 17 da região sul, 13 do sudeste, 6 do nordeste e uma da região centro-oeste. Destaca-se que esta pesquisa foi realizada apenas para se ter uma base das mulheres que jogam xadrez atualmente em nosso país, e deve ser vista somente como uma amostragem da quantidade real. Ainda sobre a continuidade das mulheres no xadrez, esta pesquisa revelou que dentre 37 jogadoras, apenas 4 revelaram que jogam a mais de 10 anos, 3 tem dentre 5 a 10 anos de jogo, e 5 entre 3 a 5 anos de jogo. Esta informação corrobora com aquela que diz que a constância no xadrez não tem sido muita entre seu público feminino, devido as condições em que, até o momento, foram realizados torneios e a falta de investimento existente para tal público. Aproximadamente 65% de tais mulheres fazem aulas de xadrez e estão em treinamento buscando melhora, e ao menos 13 das mulheres pesquisadas dão aulas de xadrez voluntariamente. Outrossim, convém relatar que a realização de torneios femininos de xadrez tem se popularizado ao redor do mundo e já são bem comuns em diversos países, sejam entre pessoas sem ou com deficiência. Atualmente a IBCA (International Braille Chess Association), Associação Internacional filiada a FIDE que tem a responsabilidade de organizar torneios internacionais para pessoas com deficiência visual, realiza inclusive mundiais de Xadrez só para mulheres. Pois bem, após a apresentação de todos estes dados, é possível verificar que o xadrez feminino no Brasil tem se movido a curtos paços, e quanto as pessoas cegas e com baixa visão há inda muito a se fazer. Por este motivo, é indispensável a criação de um torneio feminino de xadrez nacional presencial para o público com deficiência visual, que seja constante, bem como novas ações que tragam novas jogadoras e incentivem as atuais dentro do esporte.

  1. Objetivos. Os objetivos deste Projeto são a compilação das informações necessárias para a realização de um torneio feminino de xadrez presencial na cidade de São Paulo, dentre as datas de 18 a 20 de outubro de 2024, para pessoas que sejam consideradas com deficiência visual, de acordo com as leis e decretos nacionais acerca do tema, bem como fundamentar as bases para a continuidade do desenvolvimento do xadrez feminino nacional, com a finalidade de ampliar seu alcance futuramente. Os principais motivos para a realização de tal torneio incluem:– Promover e dar visibilidade ao Xadrez Feminino; – Promover e dar visibilidade ao Xadrez para pessoas com deficiência visual; – Promover a inclusão social de mulheres com deficiência visual; – Propiciar um ambiente seguro e confortável para a prática de xadrez entre mulheres; – Contribuir com a autoestima e motivação de mulheres no xadrez; – Aumentar a interação e socialização entre mulheres enxadristas; – Promover um ambiente seguro para que meninas (crianças e adolescentes) sintam-se confortáveis para seu desenvolvimento no xadrez; – Incentivar a vinda de novas jogadoras; – Propiciar um vínculo de ligação entre o Xadrez Feminino para pessoas com Deficiência Visual e torneios da CBX (Confederação Brasileira de Xadrez) e posteriormente da FIDE; – Propiciar um espaço para que mulheres com deficiência visual possam obter Rating ligados a CBX; – Colocar as bases para que no futuro mulheres possam representar o Brasil em mundiais internacionais.

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